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Esta é uma obra de ficção dedicada a ninguém.

30 de março de 2014

As cartas do jogo.

 Acho que deveria ter te escrito alguma vez, depois de todo esse tempo que passamos juntos... Você sempre reclamou que eu nunca tinha escrito sobre você, eu não sei porque, mas agora é sobre você. Ou melhor, sobre a gente. Ou sobre o que poderia ter sido - e euzinha como sempre estrago tudo - ou o que foi e talvez não seja mais. Você chegou de mansinho, aquele tipo de garoto que toda garota gosta. Eu sempre gostei de te olhar, mas não tinha interesse em você, nunca tive (desculpe por isso). Você é aquele cara que é bonito, e sabe que é bonito, e consequentemente pode tudo porque é bonito. Aquele cara que prefere passar a vida inteira na academia, do que ir a uma biblioteca. Meu amor, você nunca foi a uma biblioteca, eu sei disso, e até te perdoo e agradeço por você viver na academia. Lindo, forte e sem noção. Que tragédia, pra mim, não pra você. Eu sei, meu amor, que você nem se importa com a quantidade de livros pra ler. Nem se importa com a matéria da prova, e muito menos em chegar na hora certa na aula. Você é da filosofia de que se der certo, deu.
 Você não imagina o quanto eu não suportava a sua presença. Sempre odiei essa sua pose de bobão. Mas agora nos aproximamos tanto. E porque eu estraguei tudo de novo? Você me disse algo que eu sempre fico lembrando, de que eu tenho medo da felicidade. Eu tenho medo de que possa dar certo. E talvez você tenha razão. Desculpe por esses últimos meses que eu fui uma completa babaca com você. Desculpe por eu ter me divertido com isso. Desculpe por eu ficar feliz ao ver que havia te magoado todas as vezes. Desculpe por rir quando você disse que me amava. Desculpe por não estar pedindo desculpas de coração. Desculpe por eu me arrepender de ter sido grossa com você, mas involuntariamente não estar mais arrependida. Você me deixa assim: confusa. Você é um furacão que acabou com todas as minhas certezas e que eu não posso mais prever o que pode acontecer. Esse sempre foi o meu medo: não prever o que possa acontecer.
 Estava sempre tudo tão certo, tudo tão monótomo. Eu sempre acertava. Sempre sabia o que aconteceria. Sempre tinha cartas de passar a vez do adversário na mão. Até que você entrou no meu jogo, e eu esqueci como que se joga. Eu tinha uma carta de ação, e você também. Porém você saiu com um coringa, que talvez você saiba usar. Ou então apenas joga na sorte mesmo. Você acabou com todas as minhas certezas e eu não posso aceitar isso. Não posso aceitar um confronto. O jogo é meu, então como vi que estava perdendo, tive que recolher as cartas e ir embora. Porque, como você mesmo disse, eu sou uma mimada.
 Aquelas nossas fotos eu sei que você apagou quando eu te disse que gostava de um amigo meu. Porque você é tão bobo e acredita em tudo o que eu falo? Sabe que jamais faria isso com você - e nem comigo. Você me conhece, mas parece que ficou cego diante de tudo... É uma pena você ter apagado-as, eu disse que também havia apagado tudo o que restava de você na minha vida. Mas, mais uma vez, eu menti. Tudo está aqui - as fotos, as declarações, você no meu coração. Tudo o que você faz é lindo. A sua forma de admirar as coisas simples da vida. Você é lindo demais. Divertido demais. Romântico demais. Você é demais. É demais pra mim.
 Eu reconheço o seu esforço, o quanto você quis e demonstrou. Até porque sei que esse não era o seu costume. Você não se submetia a isso. Então pra que se submeter a isso agora? Pra que fazer esse papel de bobo - um bobo lindo- ?
 Desculpe por destruir as suas certezas. E tudo o que eu disse, era mentira. Todas as imposições, todos os defeitos que via em você. Não te acho tão imperfeito assim. Na verdade você é perfeito pra mim, mas eu não sou perfeita pra você. Você merece alguém melhor. Alguém que não faça joguinhos com você. Então me desculpe por eu mentir ao falar que não queria mais saber de você, mas foi pro seu bem. Sei que você já está bem, e é um alívio pra mim. Desculpe por você ter sido só um capítulo da minha vida. Desculpe pelas vezes que deixei de responder as suas mensagens, e pelas vezes que eu vivia falando o quanto eu era superior a você.
 Eu poderia falar isso pra você, mas eu sou uma fdp - como você deve pensar -. Foda-se se você saiba disso ou não. Desculpe por eu não me importar. Desculpe por saber o seu ponto fraco, e mesmo assim usar dele. Desculpe. E que você não me odeie, pois eu amava como você era antes, mas você mudou. Se cuida, meu bem.

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