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Esta é uma obra de ficção dedicada a ninguém.

2 de outubro de 2015

Quebra-cabeça

Quantas vezes eu tentei uma reaproximação, uma conversa, uma saída. Você, mais do que ninguém deveria saber como isso acaba comigo. Sabe o quanto sou orgulhosa. E a cada desculpa, a cada furo eu ia me entristecendo mais. Você se distanciou por diversas vezes. E eu, sempre corri atrás, mas chega uma hora que cansa. Ninguém é maratonista pra sempre. Eaí que aparece outras pessoas, as quais nunca dão desculpinhas, as quais você não precisa fazer nenhum esforço para estar junto. Pessoas que gostam de estar com você. Não sei se você sabe, mas continuo torcendo por você. Mesmo longe, mesmo você não me contando mais nada, mesmo isso me deixando triste, eu sei que você conseguirá tudo o que desejas. Mas na vida não dá pra ser amigo sozinho, companheiro sozinho, conselheiro sozinho. Não dá pra sempre correr atrás de alguém, porque nós também cansamos. E tudo o que perdemos na vida, perdemos também um pedacinho nosso. Nada vai por ir. Já perdi tantas coisas na minha vida que hoje em dia sou um pedaço de um quebra-cabeça imenso perdido por aí, que, finalmente, alguém está disposto a juntar as peças.

9 de agosto de 2014

Hoje é mais um dos dias que fico deitada sem sentir sono. Ultimamente as noites tem sido mais longas e a insônia continua. Pensamentos confusos, sentimentos irregulares, humor alterado. Sensação de fracasso ou de cansaço. Ou de abandono. As palavras não vem a minha mente como antes, a criatividade muito menos. Sentindo nostalgia do ensino médio. Ou dos velhos amigos. Tenho passado mais tempo trancada no quarto. Troquei o dia pela noite. Durmo mais que o normal e agora o meu pai diz que está preocupado comigo, perguntou se estou com depressão. Cômico. Hoje em dia tudo é depressão ou bullying, incrível. Não pai, eu estou bem! Só cansada emocionalmente e  psicologicamente. Talvez seja aquela fase da adolescência: Crise Existencial. Evitando tudo e todos -incluindo a internet. Tenho comido mais e, consequentemente, engordei mais. Tenho a comida como um alívio ou calmante. Eu como se estou ansiosa, triste, cansada etc.  Em contra partida, as minhas unhas estão maiores e as olheiras também. Estou relembrando tudo o que fiz, principalmente as coisas erradas. Eu poderia ter me esforçado mais e errado menos. Poderia ter estudado mais para aquela prova de biologia, mas eu sei, o professor sabe, os amigos sabem, todos sabiam que eu não gabaritaria. Parece que todos me conhecem mais do que eu mesma. Talvez o meu problema seja ser acomodada com o mais ou menos. Fico me perguntado aonde eu vou chegar assim... Agora sinto dor de cabeça constantemente. Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinha. Isso me endurece um pouco mais.

7 de julho de 2014

365 dias

Eu quis te pedir pra ficar, mas acabei te mandando ir embora. E você foi mesmo. Faz 365 dias que você se foi, e desde o primeiro dia eu esperei você voltar, ou algum sinal de vida. Os piores 365 dias da minha vida. 365 dias odiando olhar as estrelas e ver que até a lua me lembra você. 365 dias vendo casais na rua e lembrando da gente do mesmo jeito. 365 dias sem escutar as batidas aceleradas do seu coração que faziam par com a minha respiração. 365 dias sem ninguém me encher o saco pelas minhas fotos postadas nas redes sociais. 365 dias que pareceram uma vida inteira. E agora já é quase meia noite. 366 dias. 366 dias sem você e você com um outro alguém.

21 de junho de 2014

Fracasso.

Eu juro que me importo, que gosto, mas não consigo demonstrar. Parece que tem algo que bloqueia e me faz agir como eu não queria. Quando te vejo quero te dar um abraço super apertado, mas pessoalmente a minha reação é fingir que não te vi, mesmo quando você me chama. Quero pedir com que você fique, mas o que acabo falando que não me importo com você e que quero que você desapareça da minha vida. Quando você foi me ver na faculdade eu queria ficar a manhã inteira com você, mas o que fiz foi vir embora e te deixar lá sem entender nada. É isso. Eu quero fazer algo, mas acabo fazendo o contrário. Quero aproximar as pessoas, mas acabo as afastando. Sou um fracasso.

18 de junho de 2014

14 coisas que me fazem saber que você gosta de mim

A sua voz trêmula e as suas mãos suadas ao me ver;  como você repara quando eu mexo no cabelo; você foi o único que reparou que eu uso lentes de contato; começou a escrever poesias; agora ama sertanejo; odeia as mesmas pessoas que eu e gosta de enfatizar os defeitos delas; deixa eu ler todas as suas redes sociais; conta-me das meninas e sobre a sua família com detalhes exagerados; sabe meu número de cór; reclama dos comentários que os seus amigos fazem nas minhas fotos; segura a minha mão mesmo sabendo que tenho repúdio a isso, e aperta mais forte ao sentir que vou soltar a mão; fica mexendo no meu cabelo enquanto  faz planos para o futuro; e ao encostar a cabeça no seu peito senti o seu coração acelerado.

8 de junho de 2014

I don't care

Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso “I don’t care”. Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Agora, não quero mais nada. De verdade. Não vejo o que é feio e o que é bonito. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.
- TB

6 de junho de 2014

Não posso dizer que me sinto aliviada nem contente; ao contrário, me sinto esmagada. Só que meu objetivo foi atingido: sei o que desejava saber; compreendi tudo o que me aconteceu a partir do mês de janeiro. A Náusea não me abandonou e não creio que me abandone tão cedo; mas já não estou submetido a ela, já não se trata de uma doença, nem de um acesso passageiro: a Náusea sou eu.
 JP